sábado, 26 de junho de 2010

Don't Play Until you see it

"You've lost,
 You just don't Know Yet
  Take the draw " Josh - Innocent Moves

O título do blog de hoje assim como a referência que coloquei pertencem ao mesmo filme. Já comentei anteriormente que adoro cinema e filmes e este sem dúvida é um dos meus preferidos.

Trata da história de um jovem enxadrista que além de um enorme talento, possui um lado humano extremamente desenvolvido. Josh joga xadrez em parques com os "sem-lar", participa de competições infanto-juvenis derrotando adversário após adversário, até que estafado perde e põe em xeque todo e qualquer principio de que ganhar é tudo. O prazer da conquista não é a meta de josh e mesmo na derrota ele consegue achar que tudo não passa apenas de um jogo de xadrez, não é sua vida que está em jogo.

No derradeiro torneio do filme, Josh joga contra um outro jovem gênio que funciona como uma máquina insensível. Faltando alguns lances para terminar o match, Josh tem o Xeque-Mate em alguns lances e num gesto altruísta - Josh vê o movimento que o leva a inevitavel vitória e chega a conclusão que seu adversário não consegue assimilar a derrota - lhe estende a mão e oferece o empate.

Seu adversário, cego pela sua arrogância , prepotência e certo de sua inevitável vitória, diz a Josh : " Como aceite o empate? Veja as peças no tabuleiro...Josh responde : Já vi....Você perdeu, só não viu ainda... - Ainda com a mão estendida repete - Aceite o empate"  Seu adversário desdenha de Josh e este o derrota em pouco mais de 8 lances. No final, o jovem mestre diz a seu tutor : "Eu ofereci a ele uma alternativa, ele que não quis aceitar".

Há muito tempo, confesso que não via um exercício tão pleno do poder e ao mesmo tempo uma renúncia tão precisa na mais perfeita demonstração de retidão. Acho que no fundo esse é o truque daqueles que detem o poder, tê-lo e exatamente por isso não usá-lo. Genial.

Outra cena que acho maravilhosa é a cena em que o tutor de Josh está ensinando a antever os movimentos que finalizam um xeque. Tabuleiro montado e apenas algumas peças ainda restantes rendem o seguinte diálogo:

   Tutor : O Xeque está a 6 lances.
   Josh  : Não consigo ver (Josh tenta mexer numa peça)
   Tutor : Não Jogue , até que veja
   Josh : Não consigo ver
   Tutor: Vou facilitar para você ( Neste momento, ele derruba todas as peças para fora do tabuleiro)
   Josh  : (Parado olhando agora para o tabuleiro vazio)
   Tutor : O Xeque está a 6 lances, não jogue sem antes ver....
   Josh  : ( Mostra o movimento final)

O que apreendemos desta cena? O obstáculo que temos é o somatório dos preconceitos que carregamos dentro de nós, retirado isso, resta nosso "feeling", aquela sensação de balanço e equilíbrio que nos permite ver o todo, isento de amarras e regras e tomar a verdadeira e correta decisão seja com o que for.

O filme se chama Lances inocentes, depois de Ler o filme, posso entender o porquê. A essência da vida e das ações está na simplicidade dos movimentos.

Um comentário:

  1. Gostei. Mas acho que a conclusão que está no penúltimo parágrafo não se aplica a todos os obstáculos, ou mesmo a um só, que uma pessoa possa viver. Estou me referindo ao obstáculo, e não em conseguir "ver o todo". Mas sem dúvida, enxergar o todo com clareza é fundamental.

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