quinta-feira, 10 de março de 2011

À procura ou À espera ?


"
it was the sweetness of your skin
it was the hope of all we might have been
that filled me with the hope to wish
impossible things
to wish impossible things
" To wish impossible things - The Cure

 Em fevereiro deste ano estive em Zagreb, capital da Croácia, e fui passear pela cidade que apresenta uma riqueza arquitetônica muito similar a que vi em Viena, na Áustria. Você anda pela cidade e desde o telhado todo trabalhado com os simbolos da Croácia ou mesmo ao longo das ruelas onde temos várias estátuas e obras de arte ao ar livre, podemos fazer várias viagens no tempo ou dentro de nós mesmos para refletir tão-somente sobre a vida.

E ai me lembrei de um fato que meu primeiro sogro me contava sempre: "Se você ficar na janela de sua casa, observando as pessoas passarem, você perceberá que a cada momento, a cada dia, um novo filme, uma nova história surgirá a sua frente". E é verdade, a vida é tão dinâmica e cheia de surpresas e novidades que se você prestar atenção existe um filme acontecendo a cada instante.

Quando passei por este trabalho, que compõe o post de hoje, não pude deixar de lembrar desta história. Não sei se a mulher está à espera ou à procura, mas sei que está no meio de uma praça, no meio de uma rua movimentada, vendo seu filme passar e certamente desejando um final feliz.

Engraçado que enquanto passava por esta obra escutava a música que é a citação de hoje. Adoro o The Cure, poderia dizer que apesar do som pesado e às vezes, porque não dizer, melancólico, não consigo deixar de me enlevar pela sonoridade de suas canções.

To wish impossible things, que faz parte do CD Wish, é uma destas músicas para se escutar quando se caminha numa cidade como Zagreb, em pleno inverno, céu nublado, seu arranjo pesado se encaixa perfeitamente. E engraçado como é a vida, certas coisas se encaixam perfeitamente apenas não se encontram no timing correto. Quando estão no seu tempo exato fazem tudo fazer sentido.

Não pude deixar de me identificar com a mulher da obra, passei tanto tempo na janela de minha vida, olhando o movimento e a dinâmica das coisas que vi muitos filmes e talvez tenha esquecido de viver o meu. Claro que vivi muitas coisas, experimentei outras, mas talvez tenha chegado o momento não de assistir, mas sim de me tornar o personagem principal, com todos os ônus e bônus que isso possa representar. Talvez, tenha chegado a hora de outra pessoa ocupar o lugar na janela.

A mulher em questão, não me parece somente estar assistindo a vida passar, me parece estar no seu terreno seguro, protegida de todos os males e dores que viver ou fazer escolhas podem representar. Mas ao mesmo tempo está se privando de todos os prazeres e realizações que isto pode representar. Ela não está à espera ou em busca de alguém, está, na verdade, em busca da coragem de se jogar e experimentar outra vez tudo que a vida pode proporcionar.

Talvez todos nós estejamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário