domingo, 22 de abril de 2012

Bacalhau com Almofada de Grelos



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Do nabo sae a nabiza
da nabiza sae o grelo.
Nabo, nabiza e grelo
Trinidade do galego.
Son tres persoas distintas
Un só Deus verdadeiro

Finalmente após 2 meses, aqui vem o texto que havia prometido. Peço aos meus amigos que me perdoem a demora, mas entre uma atribulação aqui e outra ali, alguns temas passaram a frente na minha composição de  posts. Como prometido, tentarei mudar um pouco o tom e desta vez falar de minhas experiências sensoriais ao redor do mundo.

Como muitos sabem, nos últimos 3 anos, viajar e conhecer o mundo tornou-se mais do que um hobby e passou a ser um estilo de vida. Por isso, fiquei pensando que já abordei os mais diversos temas desde que comecei a escrever e explorei muito pouco ou melhor compartilhei muito pouco das experiências que vivi ao longo deste tempo.

Este ano, mais exatamente em fevereiro, fui a Portugal onde, em companhia de amigos queridos e que estão em minha vida há algum tempo, pude, em uma semana, conhecer diversos lugares interessantes como Ovar (a terra do pão de ló), o Porto, Sintra, Cabo da Roca, Lisboa, Fátima, Guimarães, etc. A viagem me reservaria um algo a mais, que foi visitar Santiago de Compostela na Espanha. O que mais me admira no ser humano é quando ele é capaz de inovar e ao invés de necessariamente seguir um script, roteiro ou manual, toma o destino para si e faz o que fazemos de melhor: Improvisar.

Estava em Guimarães, me lembro bem, já pensando no que fazer no Porto pela tarde quando perguntei a que distância ficava Santiago de Compostela. Prontamente, o GPS iria me dizer que em poucas horas ficava o que seria meu próximo destino. Mudando radicalmente meus planos e espremendo minha agenda do dia seguinte, me dirigi rumo a Espanha.

Não preciso dizer que ir a Compostela, entrar na Catedral, ver o Botafumeiro e mais do que isso, absorver a energia positiva do lugar me fizeram muito bem. Para completar, a noite fui, é claro, a um café tradicional da cidade, degustar as Tapas tão tradicionais e tomar um bom vinho da região. Voltei ao hotel bem tarde apenas a ponto de dormir e me preparar para um rápido city tour na cidade do Porto e posteriormente ir a Lisboa na casa de um casal de amigos, muito queridos por sinal, que me acolheriam por alguns dias.

Quando cheguei, já no fim do dia, estavam esperando e programando um jantar num dos restaurantes mais tradicionais da parte alta de Lisboa, a Cervejaria Trindade. Local lotado, fila de espera e enquanto esperávamos, conversamos sobre os pratos deliciosos que o local oferece. Não posso negar que as iguarias lá oferecidas são deliciosas, mas inevitavelmente iria comer um bom bacalhau e o mais inusitado, esta é a graça da história, era escolher os acompanhamentos.....

A primeira vez que degustei um grelo foi este ano em Portugal. Nada como um delicioso bacalhau quentinho, firme e regado num bom azeite, bem molhadinho, hummm dissolve na boca não é mesmo? Mas o que faltava e deu um toque bem especial é a almofada de grelos. Se pensar friamente na composição do prato realmente realizaremos que um combina perfeitamente com o outro e quando bem preparado e trabalhado, o prazer ao final é inevitável, te levará as alturas.

Calma, calma bando de mente suja. Apesar da confusão que os nomes podem gerar em diferentes línguas ou culturas, grelo é um acompanhamento tradicional em Portugal e para aqueles que não tem mais o que fazer, segue abaixo a definição que encontrei no Wikipédia e que encerra a discussão:

"Um grelo (ou o plural grelos) é um nome genérico para um rebento de uma planta, muito apreciado em Portugal e na Galiza como acompanhamento de culinária portuguesa. Os cultivares mais representativos na culinária portuguesa são o nabo, a couve, e a nabiça (também conhecida como colza).

A aparência é a dum talo mais ou menos grosso do qual saem algumas folhas e no extremo as flores.
O grelo é comestível enquanto está tenro. Quando a flor desabrocha o grelo endurece e já não é possível o seu consumo, pois não amolece por muito que se coza."

Não posso negar que ao longo dos dias em que estivemos juntos, sempre que íamos a um restaurante a piada sempre vinha à tona e os risos eram inevitáveis. Brasileiro não perde uma, ainda mais quando envolve duplo sentido.

Para aqueles que ainda duvidam da nobreza das minhas palavras, segue uma foto, tirada pelo meu amigo Fernando, que comprova que um grelo é tão bom e gostoso, que em Portugal você encontra no supermercado e enlatado....

Até o próximo post.



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