segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Lição de Humildade


Antes de escrever este post, que está pronto em minha mente faz umas boas semanas, gostaria de desejar a todos um Feliz 2013 e que todos os sonhos e planos se realizem. Eu tive uma virada de ano muito agradável, na casa de meu cumpadre em Copacabana, ao redor de pessoas queridas e este ano, como não choveu, fomos presenteados com um festival de fogos maravilhoso.

Meu ano começou e continua exatamente como planejei: Com a solução de todos assuntos que estavam pendentes e que, direta ou indiretamente, nos impedem de prosseguir nossa jornada. Claro que nem todos acontecimentos tiveram o desfecho que desejava, mas assim é a vida, cheia de surpresas que sempre acabam, de uma forma ou de outra, nos levando numa boa direção. Dito tudo isto, vamos ao post.

Creio que nos últimos anos tenho ocupado cargos de liderença com maior ou menor complexidade e cada vez mais realizo o quanto é importante entender uma máxima da vida e que deveria nos impedir de perder a humildade: Na vida a gente não é, a gente está. O aspecto transitório e efêmero do poder e status deveria servir de norte para que percebessemos o mundo ao nosso redor. Penso que evolui muito ao longo dos anos, mas estou certo de que ainda tenho muito a aprender.

Na vida, todos nós temos momentos que são divisores de água, que nos definem, que nos fazem reavaliar conceitos, prioridades e valores, que nos marcam e mudam quem somos e o que somos para sempre. O meu momento ocorreu no período que estive a trabalho na Colômbia entre setembro de 1998 e fevereiro de 1999.

Naquela época, trabalhava em um projeto que fazia com que tivesse contato direto com todas as gerências da Obra e que eram responsáveis por todas a decisões relevantes. Com isso, constantemente estava entrando e saindo de todos os departamentos em busca de informações e tomadas de decisão. Lembro-me, como se fosse hoje, que entrava e dava Bom Dia ou Boa Tarde a todos e em seguida entrava na sala do Gerente e com isso, tinha para mim que cumpria meu dever ser educado e respeitoso com todos.

Mas a vida nos ensina que existe um abismo entre o que pensamos e o que realmente acontece ao nosso redor e finalmente numa festa de celebração, de alguma meta atingida, tive uma lição que mudou completamente minha forma de ver as coisas. Um integrante, de uma das gerências, chegou perto de mim e movido por alguma coragem me abordou e me pediu para conversar. O desabafo dele, que segue abaixo, mudou, muito, minha percepção do impacto que temos na vida das pessoas.

Integrante: Eu queria te dizer uma coisa, gosto tanto de você e você passa todos os dias pela nossa sala, antes de entrar na gerência, e tudo que eu queria é que você parasse e me desse um "Bom Dia". Por que você não pode parar e me dar um "Bom Dia" ?

Até hoje esta conversa mexe comigo. Nunca tinha imaginado o impacto que temos na vida das pessoas, como temos o poder de influenciar seus sentimentos, o que me trouxe a mente a frase do livro "O Pequeno Príncipe": Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Fiquei envergonhado de mim mesmo porque o que aquele rapaz queria era tão pouco, tão fácil de realizar, tão simples e trivial e eu simplesmente não tinha visto.

Interessante, que num mundo onde as pessoas estão mais preocupadas como status, dinheiro, poder, uma bela viagem ao exterior, tudo que faria do mundo daquele rapaz mais feliz, era um pouco mais de atenção. Esta foi uma lição que jamais esqueci e que procuro praticar sempre, que é ter tempo, ou melhor, dedicar tempo para as pessoas. Mesmo a moça do café, o rapaz da portaria, o office boy ou até o presidente de uma empresa devem e merecem a devida atenção.

Todos precisam se sentir parte do processo, relevantes e valorizados. Não preciso dizer que após aquela conversa revi muitos dos meus conceitos e procurei mudar meu comportamento não só naquela obra, como também ao longo da vida. Aquele rapaz, que se tornou meu amigo, me ensinou uma  lição que mudou a minha vida.

É obrigação de todo aquele que pretende ser líder um dia, entender, acima de tudo, a necessidade dos outros antes da sua. Só assim, pode-se moldar uma relação baseada em respeito, cumplicidade e admiração.

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