domingo, 11 de setembro de 2011

Cidadão do Mundo

 
"
O seu laço é de corte,
mas não aparta briga
A vida é quem escolhe quem
vai pra dividida
....
No buraco de silêncio
que precede o esporro
Àquele que o tempo e a hora
e a hora é mundo em que
todo mundo é morro
" Pára Pegador - O Rappa

Conforme mencionei uns post atrás, tenho uma querida amiga e blogueira que direta ou indiretamente foi para mim a motivação para eu começar a escrever o meu. Talvez ela não se lembre, mas estou certo que sim, que no seu último dia de trabalho em minha equipe ela foi até minha sala e me presenteou com uma carta. 

Timidamente ela me pediu que esperasse que ela partisse para que eu lesse a carta e apesar de toda curiosidade em ler respeitei seu último desejo. Ao abrir a carta, no fim do dia de trabalho, não posso negar que fiquei emocionado bem como surpreso pelo conteúdo e o texto de despedida. Ao ler, pude reforçar o preceito de que muitas vezes influenciamos a vida das pessoas sem saber e que isso modifica não só a forma de ver seu papel no mundo, como também seu compromisso que mesmo de forma velada você assume.

Dentre o conjunto de coisas, pessoas e histórias que deixamos na Líbia no dia 24 de fevereiro, uma delas foi esta carta. Parece-me que minhas coisas devem retornar ao Brasil e espero que entre elas, esta carta. Há coisas que o dinheiro não compra ( para as outras temos Mastercard....hehhe).

Toda esta introdução é para tratar do tema do post de hoje. Esta minha amiga mencionou em um de nossos chats no MSN que eu nunca abordei meu retorno ao Brasil nos meus posts. Creio que há uma uma imprecisão nesta afirmação, mas não deixa de ser verdade que, em parte, nunca tratei deste tema de forma isolada. E este é o mote do texto abaixo.

Minha volta ao Brasil ocorreu no dia 16 de abril. Voltei em razão de uma celebração da união dos meus pais e fazendo uma surpresa, ao invés de visitar algumas cidades de Portugal, cheguei ao Rio de Janeiro para jantar com eles. Ouvi muitos relatos de outros amigos de que a volta e a adaptação após anos no exterior é muito difícil e mais do que isso complicada.

Odeio frustrar as expectativas mas a volta e a adaptação para mim foram instântaneas. Hoje 4 meses como morador de São Paulo - Capital ( não vou escrever Sampa a pedido de um amigo corintiano, o Queixada..) posso dizer que estou plenamente adaptado. Cheguei a conclusão que me adapto em qualquer lugar do mundo e apesar dos laços fortes com família e amigos, não sinto a menor dificuldade em me adaptar e ajustar a realidade do local onde estou.

Queria também fazer um ajuste num registro histórico. Muitos amigos meus, afirmam e ainda pensam que minha volta especificamente ao Brasil deve-se ao fato de eu estar num momento de reconstruir minha vida pessoal que estava em "PAUSE" desde 21 de outubro de 2008. Este pensamento é completamente equivocado. 

Amo meu País, adoro o desafio que me foi proposto profissionalmente e estou certo de que será proveitoso e engrandecedor, mas minha volta é um sinal de gratidão e confiança em uma pessoa que sempre me estendeu a mão e apostou e visualizou minhas capacidades e dizer não, nestas circunstâncias,  é de acordo com meus valores, impossivel.

Eu sinto, não me pergunte como, que meu ciclo no exterior não terminou, este sim está em "PAUSE". Como minha vida sempre me levou para coisas boas, estou certo que inevitavelmente estarei viajando para novos lugares, conhecendo novas culturas e enriquecimendo minha vida através de imagens, sentimentos e novas sensações.

Assim, conclui que sou um cidadão do mundo, minha casa é onde estou no momento e por ter a felicidade de ter amigos em cada lugar por onde passei tenho sempre um lugar para ficar. Aprendi, entre outras coisas, a me alimentar de tudo de bom que esta ao meu redor tendo a certeza que minha casa, minha verdadeira casa, sempre estará a minha espera aqui no Brasil.

Minha vida pessoal, se quiserem saber, está bem obrigado. Cheguei a conclusão que a vida pessoal se resolve na medida e tempo certos e que isso não tem correlação de onde você está e sim do momento em que se vive. Mas talvez, tivesse que mudar meu contexto para realizar isso. Estar ou não em um grande centro não mudou em nada nem meus desejos nem sequer a minha busca.

Minha busca, não é de alguém, minha busca é de estar sempre feliz e vivendo de acordo com aquilo que me realize. Tudo mais que puder agregar ao longo do caminho será somente mais um motivo de alegria.

"
Eu não sou audiência
para a solidão
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo me quer bem
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo é meu também
" Já sei namorar - Os Tribalhistas

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