sexta-feira, 30 de julho de 2010

Romance e Romântico

"
Como va a ser eso
si aun cuando sale la luna
y da en mi ventana
no te puedo dejar de querer
nos hemos reido y llorado los tres
yo quiero darte mi alegria,
mi guitarra y mis poesias
y solo se me ocurre amarte
y solo se me ocurre amarte. " Y solo se me ocurre amarte - Alejandro Sanz.

Namorei um menina que se denominava "Balzaquiana Romântica" e por muito tempo tentei entender o que significava isto. Parece-me que esta denominação representa uma mulher na faixa dos trinta que é romântica e que por esta fora dos padrões de relações descartáveis em que vivemos, adora pequenos agrados, carinhos e atos que só os romanticos podem fazer e receber.

E ai é que foi o meu verdadeiro dilema, que delineia o post de hoje, começou porque esta menina não fazia nem o elementar do que os românticos fazem. Não escrevia versos, comprava presentinhos surpresa, nem surpreendia você em momentos que você menos espera, com aquelas palavras e/ou pequenos comentários que mudam seu humor e fazem seu dia mais radiante, como disse, nem o básico.

Mas antes que me acusem de maluco ou amargo, isso nunca foi um problema. As pessoas expressam o que sentem como podem e sabem e não quer dizer que gostem menos de você, apenas, às vezes, não sabem como demonstrar. Ou talvez eu esteja muito mal acostumado porque vejo meu pai amando minha mãe da mesma forma e com a mesma intensidade com que se amavam há mais de 40 anos - até hoje ele manda flores, escreve versos e compra a bala que ela gosta - e com isso, eu espere e acredite que as pessoas possam realmente encontrar sua alma gêmea, ainda que nas condições mais inusitadas, sem planejamento prévio e apesar de todo desgaste que o tempo, filhos e dificuldades trazem ao longo da relação, se amarem cada vez mais.

Por isso esta menina não era uma "balzaquiana romântica", era somente alguém que gosta de romance, como todos nós imagino. Romântico é aquela pessoa que faz pequenos agrados inesperados, que vê pequenas coisas e associa a pessoa que gosta, planeja eventos no detalhe e com meses de antecipação, escreve versos, cita trechos de canções e que acima de tudo acredita firmemente no amor e nunca, de fato, para de perseguí-lo.

O citação de hoje é um resumo disso. Y solo se me ocurre amarte foi a primeira canção que dancei e que abriu o salão no meu segundo casamento. Escolhi esta música porque para mim é a sintese do amor, onde um homem deseja tanto sua mulher que apesar de tentar dar tudo aquilo que ela precisa e/ou que ele tem, no final tudo que lhe ocorre é amá-la.

Quando pedi minha segunda mulher em casamento, minha ex, planejei com 6 meses de antecedência e estabeleci alguns itens e metas que levaram ao desfecho e ao sim. Menciono o fato apenas para demonstrar, sem falsa modéstia, o que considero ser romântico:

1 - Pousada Tankamana em Itaipava.

    Escolhi um quarto com ôfuro, esta pousada é simplesmente o máximo porque é afastada de tudo no meio da natureza e extremamente romântica; Fui lá em fevereiro, o pedido foi só em junho, certificar-me que o quarto era mesmo o que imaginava.

2 - Anel - Solitário 

   Comprei na Vivara um solitário lindo em ouro fosco, num etilo moderno no qual o diamante parece estar cravado no anel, mas não está. Foi até engraçado na época porque minha ex achou que era o anel de casamento e somente depois de meia hora de suspiros e abraços apertados pude explicar que era somente um solitário.

3 - Cartão personalizado

   Pedi ao meu grande amigo e talentoso Bordoni para pegar uma foto minha com ela e transformar em cartão. Como ela já havia ganho poesia de outro ex-namorado, quis criar algo original, que ninguém tivesse dado. Defini com o Bordoni que dentro do cartão teria escrito em diversas línguas a palavra "Eu te amo" e em destaque, com cor diferente, o mesmo texto em Polonês e Húngaro que são nossas descendências.

4 - Caminho de velas

   Cheguei antes no quarto e montei um caminho de velas que comprei na loccitane. Velas acesas adentramos no quarto e o caminho de velas levava a uma deliciosa garrafa de vinho australiano e marshmallows para serem assados e degustados na frente da lareira;

5 - Fondue de queijo

   Jantamos no restaurante do hotel e claro com um clima de serra nada melhor do que um fondue de queijo.

6 - Cama com pétalas de rosas

    Deu trabalho coordenar com o pessoal do hotel, mas funcionou perfeitamente. Creio que toda mulher deve gostar e me parece dar aquele toque especial que faz a diferença.

7 - Massagem a 4 mãos

    Tinha na verdade encomendado uma massagem com uma só massagista, mas um cliente desistiu de sua massagem e com isso as duas massagistas fizeram nela a massagem a 4 mãos, enquanto eu tomava uns drinks e fazia uma sauna.

8 -  Aliança

    Imagino que este seja o pulo do gato, as alianças. Comprei aquelas anatômicas, também na Vivara, de ouro amarelo polido,  que me parecem super bonitas e atemporais. Minha mãe foi comigo fazer esta escolha, como a do solitário, mas só como consultora, no final a decisão foi minha.

9 - O pedido

  Foi engraçado. Acho que com o susto do solitário ela tinha desencanado do pedido e depois do segundo jantar -  passei o fim de semana no hotel - estava preparada para algo mais sexy e não para um pedido de casamento.
  Acho que esse foi o toque, quando me ajoelhei e cantando a música com a qual ela esperava ouvir o pedido de casamento, mostrei as alianças;

10 - Espumante com Morangos

  Após o Sim, ufa, nada melhor que comemorar com o bom espumante e morangos. Um sommelier me recomendou o Espumante Pinot Noir Brut Codorniu rose e afirmou que se tomando com pedaços de morango, seu sabor fica maravilhoso. E é verdade, fica maravilhoso e eu recomendo.


Peço que não pensem que sou exagerado ou convencido, como disse, é apenas o reflexo do exemplo que tenho na minha casa. O mais legal sempre é o planejamento associado com o resultado que materializa o sonho, essa é a verdadeira viagem.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Because I dream, I am not

"
I understood fear lived
in our deepest being...
and that a mountain of muscles
or a thousand soldiers
could not change a thing " Leolo - Leolo (1992)


Lembro-me de ter assistido este filme e ter ficado impressionado. Leolo era um daqueles filmes alternativos que você assiste para acompanhar aquela garota que você está interessado ou que quer conquistar. Entretanto, o filme apesar de denso é bastante interessante por tratar da psiquê humana.

O trecho que reproduzo, a citação, reflete a fina linha que define nossa postura firme em contraponto com nossos medos. A aparência, a imagem, o rótulo com que muitos se definem ou se apresentam , esconde na verdade, muitas das vezes, sua verdadeira essência, aquele EU que muitos tentam desesperadamente não mostrar.

Lembro-me de uma história. Tinha eu 15 anos e estudava no Colégio Andrews, ano 1986, primeiro ano científico. Costumavamos ter dias onde os professores faltavam e com isso podiamos ficar no pátio jogando futebol ou muitas vezes volei.

Neste dia, jogavamos volei e por coincidência uma turma do segundo ano científico também estava sem aula. Alguns cara conheciam o pessoal da minha turma, eram repetentes, e estavam jogando conosco. Em dado momento a bola foi isolada e com isso alguns rapazes desta outra turma começaram a "zunir"a bola, atrapalhando o jogo.

Ato reflexo falei, sem pensar, em voz alta ""Nossa, mas que Babaca." . Bom, não preciso dizer que um dos "amigos" deste cara foi me dedurar sem eu saber. Jogo comendo solto, de repente ouço uma voz grave : "Quem ai me chamou de Babaca?" . Meus amigos congelaram e ficaram sem responder e naquela fração de segundo que define que tipo de homem você vai ser, eu disse: "Fui Eu.".

O cara era o galã do colégio, todas as garotas da minha sala gamadas nele, tinha o dobro do meu tamanho - lembrem-se eu era um gnomo naquela época - e todo malhado. Ainda assim, numa rapidez de raciocínio e com muita calma travei o seguinte diálogo:

Gnomo : Fui Eu.
Galã    : Por que?
Gnomo : Quando você era do primeiro ano, você gostava quando os caras do segundo ano ficavam isolando a bola? Pois é, eu também não. Por que você não faz igual aos seus amigos ali e fica na "de fora" ao invés disso.
Galã : Ok......


E deu as costas. Após aquele momento, TODOS os meus amigos, todos machos por sinal, começaram a dizer que iam me proteger, que não precisava me preocupar, etc. Na verdade, quando precisei de cada um deles nenhum foi capaz de sair do seu lugar e me defender, bando de "corajosos"....

Horas mais tarde, de volta a minha sala de aula, adentra o tal valentão galã e vem em minha direção. Normalmente, naquele tempo, isso significava que ele iria me convocar para um duelo depois da aula. Uma execução pública, por assim dizer. Mas ao contrário, travamos o seguinte diálogo que fez com que passasse a ser admirado por alguns de meus amigos e meninas da minha sala:

Gnomo : Pois não.
Galã     : Queria te pedir desculpas, cara, você estava certo, fui um babaca, aperta aqui a minha mão.
Gnomo: Claro. Tudo bem.
Galã    :  Cara se alguém vier mexer com você daqui para a frente, fala comigo que vou te defender, combinado?
Gnomo: Combinado, muito obrigado.
Galã : Até mais.

Aquele dia poderia ter feito de mim um covarde e certamente teria apanhado e provavelmente não apenas uma vez......

But Because I dream, I am not.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Flávia Pires



Algumas pessoas marcam, outra nos moldam e também tem aquelas que nos dão mais do que imaginamos e com isso se tornam inesquecíveis. Flávia Pires, a loirinha na terceira fileira de cima para baixo, exatamente a terceira da direita para esquerda é exatamente uma destas pessoas.

Flávia sempre foi linda, digo sempre porque mesmo hoje vendo as fotos dela no facebook tenho de confessar que continua igual a quando eramos crianças. Loira, olhos claros, alta e inteligente, se você me perguntasse porque em todas as festas de nossa turma ela sempre me chamava para dançar tanto músicas rápidas como lentas eu não saberia responder.

Antes que vocês se assustem, não, não é um problema de estima e sim um fato prático, tinha altura de um gnomo ( sempre era o primeiro da fila nas quadrilhas em festas juninas) e certamente não era o cara mais atraente de minha turma. Desta forma, uma mulher que podia escolher o cara que quisesse, optar por mim, nunca me pareceu claro.

Ainda assim, isto durou um longo tempo, até que numa festa de aniversário, da Cristiana Andrade, onde dançavamos música lenta, insinuaram que estava me aproveitando desta situação ( botando minha mão onde não devia)  e ela parou de dançar comigo. E antes que surjam dúvidas, não, não estava me aproveitando, era baixinho e minhas mãos ficavam no nível da acusação e não havia muito o que fazer. Se me fizesse a mesma pergunta/acusação hoje, creio que a resposta seria diferente.

O mais relevante é como ela foi importante para mim e nem sabe. Aquelas festas, aquelas danças moldaram ao longo do tempo um homem e foram peça fundamental naquilo que sou hoje. Era incrível a excitação pelo momento de dançar e fazer uns passos de dança que sempre combinavamos. As músicas lentas, ah músicas, eram aquele momento em que se sentia o calor do corpo e se ouvia o som de seu coração batendo ( lembre-se que era muito baixinho. longo minha cabeça ficava naquela altura), inesquecíveis momentos.

Agora, 2010, quase 20 anos depois, uma foto de facebook promove o reencontro de meus amigos de turma e mais do que isso a lembrança destes momentos tenros de minha infância que muito me rogozijam e me fazem sentir ainda mais feliz por tudo que passei e vivi. Espero poder reencontrar-los em breve e retomar estes laços que unem meu passado e meu presente e que são o fio condutor do meu futuro.

Obrigado Flávia, por ontem , hoje e sempre. Por sua causa, sempre acreditei que na vida sempre haverá uma próxima dança.

domingo, 4 de julho de 2010

Like the Desert Miss the Rain

"
But the light goes down
And all the lights come on,
And they call to me,
Oh come on, come on,
And you don't make no difference to me.
......
And the light goes down
And all the lights come on
And they call to me,
Oh come on. Come on.
You can make a difference to me.
Come on, make a difference to me. " No Difference - EBTG


Acredito fielmente que somos a soma de cada momento, experiência e isto nos torna, no final, o que realmente somos, ou seja, um pouco de cada pessoa e lugar por onde transitamos, na harmonica colisão de nossa vida com outras vidas, culturas e realidades.

Minha primeira esposa, Ana, adorava EBTG ( Everything But the Girl)  e acredito que comprei quase todos os CDs lançados pela banda até que nos separassemos. Na verdade, diria que nunca havia dado a devida atenção ao grupo até alguns anos depois da separação quando comprei uma coletânea que dá nome ao post de hoje.

Like the Desert Miss the Rain por si só é uma frase que representa exatamente um amor ou desejo  intenso que refreado pela distância, tempo ou circunstância transborda de forma a externar que falta faz dada pessoa em sua vida.

Já a citação no corpo do texto, pertence a outra música do mesmo CD que expressa o conflito de sentimentos, o desejo de deixar partir e de se querer perto/para si, expressos na progressão da canção. Os arranjos são excelentes e se você parar para ouví-los perceberá que soam como batidas acelaradas de um coração e/ou passadas largas como se caminhasse à noite sem rumo pela rua, em um conflito interior entre o que se deseja e o que não se pode ter.

Acredito que cada pessoa que atravessa a estrada de nossa vida, deixa um pouco de si e é e sempre será diferenciada não importa o hiato de tempo até o próximo encontro. Algumas pessoas são para mim como os mutantes do X-Men, me explico, professor Xavier tem uma máquina na qual se pode localizar todos os mutantes do mundo e no filme ele consegue vê-los como feixes de luzes em destaque na multidão. Para mim, aquelas pessoas que nos tocam, que mudam a maneira como somos ou vemos o mundo são e sempre serão relevantes e dentre as demais nuncam poderão ser consideradas comuns ou indiferentes.

Tenho por certo que meu gosto pelo EBTG é uma de muitas impressões digitais deixadas pela minha ex-mulher, mais do que isso, muito do que me modifiquei no trato com as pessoas e nos relacionamento subsequentes deve-se, em parte, a forma atenciosa, delicada e amorosa com que fui tratado. E assim como tenho certo que ela me deixou estas marcas, provavelmente eu também deixei as minhas, ao longo do caminho, pelo menos assim espero.

Tracey Thorn, vocalista da banda, tem uma das vozes mais lindas que já ouvi. O mais engraçado, não que seja de fato relevante, é que sua aparência caminha no extremo oposto de sua voz. Se você fechar os olhos e se deixar levar pela sonoridade de suas canções, perceberá a paz e o conforto que trazem. O mais legal é que esta sensação é permeada por arranjos eletrônicos que não tiram a leveza das músicas mas dão um tom de modernidade que impedem de se cogitar que estas são bregas.

 Acho que a distância de nosso habitat natural nos torna de tempos em tempos saudosos, nos fazendo refletir sobre o que temos e do que abrimos mão, forçando-nos a reavalição de nossos rumos e muitas vezes das escolhas que fazemos ou fizemos. Mas no saldo final desta análise reside o que mais julgo relevante : Dar importância as pequenas coisas, aqueles detalhes realmente únicos que são os verdadeiros diferenciais em nossas vidas.

"
Mas antes que eu me esqueça
Antes que eu me esqueça
Antes que tudo se acabe
Eu preciso
Eu preciso, dizer a verdade...

Oh, Oh!
É impossível, é impossível
Esquecer você
É impossível
Esquecer o que vivi
É impossível
Esquecer, o que senti...
É impossível... " Impossível - Biquini Cavadão