terça-feira, 27 de agosto de 2013

O valor do Próximo


"With great power comes great responsibility." Spider Man

Fazia tempo que eu não escrevia, desde janeiro para falar a verdade, e não porque não tivesse o que contar ou compartilhar, mas algo em mim se desconectou depois do último post e me fez parar de sentir o desejo latente de transformar ideias e sentimentos em palavras. Mas como a vida tem sempre um plano para nós, de repente tudo mudou. 

Escolhi a foto acima para começar a abordar o tema que me traz aqui. Em abril de 2011, estava na Tunísia resgatando esta linda boxer Maya e levando-a de volta para seus donos e por consequência, para sua casa. Nesse dia, quando a tinha em meus braços, levemente mais magra, estressada pela viagem e também um pouco assustada, ficou claro e cristalino o valor de cada vida. Muitos poderiam dizer: "É só um animal", mas eu teria dizer que não, que é uma vida e que cada vida tem seu valor, sua importância e que devemos preservá-la e protegê-la. 

Mas a ideia, nem é falar de Maya que neste momento está no interior de São Paulo se divertindo numa fazenda, mas falar do conceito que há por trás da citação que escolhi. Quando se decide assumir uma função profissional em que se é responsável por cuidar de pessoas ou de vidas, para generalizar, ter a sensibilidade de se colocar no lugar do outro é primordial. 

Não é simplesmente seguir o dito: “Não faca aos outros, o que não gostaria que fizessem a você", é muito além do que isso porque cuidar de vidas significa zelar ainda mais do que faria pela sua. Mas vivemos num mundo cada vez mais individualista e vejo continuamente a perda do senso de coletividade, de bem comum, de se pensar no outro, de pensar que um dia, em algum lugar, você também precisará que alguém lhe estenda a mão. 

Confesso que fazia tempo que não me sentia tão impotente e ao mesmo tempo frustrado em ver com quanta indiferença e despreocupação se tratam certos acontecimentos quando eles não te afetam diretamente. Será que as pessoas não são capazes de visualizar que certas fatalidades poderiam ocorrer com nossos irmãos, esposas, filhos, pais, mães, avós ou com nós mesmos e que nessas horas gostaríamos de ser tratados com o mínimo de humanidade?

Hoje estou desapontando e, apegado em minha crença da lei do retorno, crendo que se retome o equilíbrio das coisas. Sei que minha mãe sempre me disse "Meu filho, o mundo não é mãe, é madastra", mas o que mais me machuca não é algo feito com alguém que pode se defender e sim contra os mais fracos. 

Eu simplesmente gostaria que as pessoas olhassem para o próximo e fossem capazes de ver nele sua imagem e semelhança e que com isso, suas ações fossem, no mínimo, tal qual qualquer um espera ser tratado.