terça-feira, 2 de outubro de 2012

E quando bate a saudade ?


"
Doctor Marcia Fieldstone:   Tell me what was so special about your wife?
Sam Baldwin:                     Well, how long is your program?
                                          Well, it was a million tiny little things that, when you added them all up, they meant we were supposed to be together... and I knew it. I knew it the very first time I touched her. It was like coming home... only to no home I'd ever known... I was just taking her hand to help her out of a car and I knew. It was like... magic.
" Sintonia do Amor

Uma vez me perguntaram quando você sabe que está com a pessoa certa? Como sabe que esta pessoa é que te faz ser melhor, que faz teus dias mais bonitos, que auxilia teus sonhos a se concretizarem e traz um novo sentido a tua vida? Quando você sabe que está realmente pronto para um relacionamento ?

Tive que me remeter a minha fase adolescente, mais exatamente 1993, para buscar esta resposta. Revendo o filme "Sintonia do Amor" com ninguém menos do que Meg Ryan e Tom Hanks, me deparei com a citação acima que sintetiza com perfeição cirúrgica a questão.

Lembro-me que este filme causou lágrimas e muitos suspiros na época. Esta conversa, que ocorre num talk show no rádio, ficou marcada como uma das mais românticas declarações de Amor. Sam cuja mulher faleceu não consegue superar a perda do amor de sua vida e seu filho, preocupado, pede auxílio a uma terapeuta de um famoso programa.

Mais do que a comoção causada pela declaração, a repercussão em todos os EUA é enorme porque muitas mulheres passam a querer sair com Sam. Entre elas, é claro, a personagem de Meg Ryan que vive um relacionamento monótono, mas seguro e está em vias de dar o próximo passo para torná-lo ainda mais sério.

Não preciso me alongar e dizer que, como toda boa comédia romântica da época, após uma série de contratempos Tom Hanks e Meg Ryan terminam juntos após se encontrarem no topo do Empire State Building em Nova York. Sempre acreditei nessas comédias românticas, na essência de encontrar aquela pessoa perfeita e que é atraída para perto de nós das mais inusitadas formas, até mesmo numa casa de tango em plena comemoração da virada do ano.

Mas o tema de hoje, E quando bate a saudade, tem a ver com o que acontece depois do encontro, depois que, passado os primeiros meses de relacionamento advém ou não a rotina. Estava assistindo este fim de semana uma passagem do filme "O espelho tem duas faces" com Barbara Streisand em que ela é uma professora que filosofa sobre a essência do relacionamento, sobre o prazer de se estar emocionalmente envolvido e também como é revigorante estar apaixonado, mesmo que saibamos que tudo isso possa terminar algum dia.

O estranho neste filme é que ela resolve estabelecer uma relação platônica com outro professor, papel este de Jeff Bridges, que tendo passado por vários relacionamentos com mulheres bonitas e fúteis, decide que prefere ter uma relação pautada no equilíbrio intelectual e financeiro, onde o sexo estando fora da equação descomplicaria tudo.

Mas este é o ponto. Não descomplica. A essência de duas pessoas não se limita a equilíbrio intelectual e financeiro, isto serve para relações de trabalho e/ou de amizade tão-somente. Creio que a variável afetiva baseada em carinho, atenção e respeito, carece também do contato físico. Não me veria com uma pessoa se tivesse que limitar algum dos meus elementos sensoriais.

O final deste filme, como toda boa história romântica, é que os dois terminam juntos explorando toda a potencialidade do relacionamento e enxergando que uma relação pautada em coisas em comum, transformou-se numa oportunidade dos dois se permitirem Amar.

A saudade, a que me referi no título, resume-se no compartilhamento das pequenas coisas como um telefonema de "Bom Dia" ou ligar somente para dizer que estava com vontade de ouvir a voz do outro. A rotina que mina os relacionamentos, não é necessariamente pelo tempo que os casais estão juntos mas muitas vezes pela própria dinâmica de nosso dia a dia que sendo cheia de atribulações acaba ocupando nossa mente e mudando nossos hábitos.

E quando bate a saudade? Quando bate a saudade, pegue o telefone, ao invés de esperar que o outro faça, mande flores, cartas, um bilhete (ainda que seja num papel de pão) dizendo que está sentindo falta. Não espere só do outro que exista o estímulo da relação pois, cabe também a você mostrar que estes pequenos mimos fazem falta ao dois.

Se você acredita na sua relação, se acha que ela realmente vale a pena, transforme sua saudade em ação e impeça que caia na rotina.

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