I understood fear lived
in our deepest being...
and that a mountain of muscles
or a thousand soldiers
could not change a thing " Leolo - Leolo (1992)
Lembro-me de ter assistido este filme e ter ficado impressionado. Leolo era um daqueles filmes alternativos que você assiste para acompanhar aquela garota que você está interessado ou que quer conquistar. Entretanto, o filme apesar de denso é bastante interessante por tratar da psiquê humana.
O trecho que reproduzo, a citação, reflete a fina linha que define nossa postura firme em contraponto com nossos medos. A aparência, a imagem, o rótulo com que muitos se definem ou se apresentam , esconde na verdade, muitas das vezes, sua verdadeira essência, aquele EU que muitos tentam desesperadamente não mostrar.
Lembro-me de uma história. Tinha eu 15 anos e estudava no Colégio Andrews, ano 1986, primeiro ano científico. Costumavamos ter dias onde os professores faltavam e com isso podiamos ficar no pátio jogando futebol ou muitas vezes volei.
Neste dia, jogavamos volei e por coincidência uma turma do segundo ano científico também estava sem aula. Alguns cara conheciam o pessoal da minha turma, eram repetentes, e estavam jogando conosco. Em dado momento a bola foi isolada e com isso alguns rapazes desta outra turma começaram a "zunir"a bola, atrapalhando o jogo.
Ato reflexo falei, sem pensar, em voz alta ""Nossa, mas que Babaca." . Bom, não preciso dizer que um dos "amigos" deste cara foi me dedurar sem eu saber. Jogo comendo solto, de repente ouço uma voz grave : "Quem ai me chamou de Babaca?" . Meus amigos congelaram e ficaram sem responder e naquela fração de segundo que define que tipo de homem você vai ser, eu disse: "Fui Eu.".
O cara era o galã do colégio, todas as garotas da minha sala gamadas nele, tinha o dobro do meu tamanho - lembrem-se eu era um gnomo naquela época - e todo malhado. Ainda assim, numa rapidez de raciocínio e com muita calma travei o seguinte diálogo:
Gnomo : Fui Eu.
Galã : Por que?
Gnomo : Quando você era do primeiro ano, você gostava quando os caras do segundo ano ficavam isolando a bola? Pois é, eu também não. Por que você não faz igual aos seus amigos ali e fica na "de fora" ao invés disso.
Galã : Ok......
E deu as costas. Após aquele momento, TODOS os meus amigos, todos machos por sinal, começaram a dizer que iam me proteger, que não precisava me preocupar, etc. Na verdade, quando precisei de cada um deles nenhum foi capaz de sair do seu lugar e me defender, bando de "corajosos"....
Horas mais tarde, de volta a minha sala de aula, adentra o tal valentão galã e vem em minha direção. Normalmente, naquele tempo, isso significava que ele iria me convocar para um duelo depois da aula. Uma execução pública, por assim dizer. Mas ao contrário, travamos o seguinte diálogo que fez com que passasse a ser admirado por alguns de meus amigos e meninas da minha sala:
Gnomo : Pois não.
Galã : Queria te pedir desculpas, cara, você estava certo, fui um babaca, aperta aqui a minha mão.
Gnomo: Claro. Tudo bem.
Galã : Cara se alguém vier mexer com você daqui para a frente, fala comigo que vou te defender, combinado?
Gnomo: Combinado, muito obrigado.
Galã : Até mais.
Aquele dia poderia ter feito de mim um covarde e certamente teria apanhado e provavelmente não apenas uma vez......
But Because I dream, I am not.
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